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twrh – oriental

sr. Leung envergava o terno de três peças com graça e leveza. cabelo negro penteado com perfeição. quantos homens conseguem, vestindo-se assim, sentar-se sobre os calcanhares, beber saquê sem perder a elegância, desabotoar algumas casas do paletó e do colete, manter o cabelo alinhado? quantos atores conseguem transmitir tanto de maneira tão minimalista? se fosse oriental gostaria tanto de ruivas?

peau

‘amor à flor da pele’ (In The Mood of Love) é sobre beleza, acho. prestenção no ‘mood’ e seus significados.
 
não só a beleza oriental-misteriosa-cool de Tony Leung e Meggie Cheung… já tinha visto ambos em HERO, interpretando, también, um casal. Mas a aura dos anos 60, o cabelo (brilhantina?) de Leung obedecendo a uma simetria brutal, gravatas estreitas, ternos bem cortados e a beleza ofuscante de Meggie (ah, Meggie!), uma Jackie orientalizada, sempre discretamente vestida e mesmo assim ancorando o olhar que não pede por mais pele, só por mais Meggie.
 
até o cenário deprê, claustrofóbico, da Hong-Kong dos 60, todo estreito, apertado… exterior quase sempre chuvoso, mostrado só à noite… até isso é bonito, ou pelo menos ganha contornos de beleza por causa do olho de quem vê e quem vê, absolutamente, em primeiro lugar, a um filme é seu diretor, que convida o espectador a compartilhar de sua visão. não faz lembrar aquela questão (zen?) ‘quem é o mestre que faz a grama verde?’
 
o que se passava na China de então é comentado quasi-subliminarmente… um sumário breve no começo, em forma de texto, não muito mais que isso.
 
é uma história de amor? sim, quer dizer, parece ser, tenho certeza relativa de que é. de quem com quem é uma questão completamente diferente.
 
as personagens de Leung e Cheung acham que seus respectivos cônjuges estão tendo um caso. encontram um no outro alívio(?), cumplicidade(?)… o que me deixou apaixonado pelo filme é que eles atuam dentro de suas atuações. a personagem de Cheung interpreta para a personagem de Leung o papel de sua esposa infiel(?) e vice-versa. em determinado momento eles interpretam ambos cônjuges. mas estão interpretando ou estão sentindo?
 
acho que não dá pra ser mais cool que isso. é a mesma sensibilidade do Pessoa e seu ‘fingidor’.
 
mesma?