“A perfeita sinceridade não oferece qualquer garantia.”
Chuang Tzu
difícil passar um dia sem encontrar o refrão da vez dos textos críticos. os críticos, coitados, praticamente se desculpam se não gostam de um produto cultural qualquer, mesmo quando sua opinião é mais que justificada, ou, outra modalidade/tarefa autoimposta, dedicam-se a produção de textos didáticos que explicam ao leitor incauto o que é crítica. levemente desesperador.
será conseqüência do esvaziamento epistemológico, da falta de noção (que porra?) do que está fazendo (critico os elementos constituintes do produto, o resultado, a execução?)… diabo, será que é culpa de Heisenberg?
li XAMPU – LOVELY LOSERS, do Rogério Cruz, e viajei no tempo. as curtas giram em torno de um agrupamento de personagens que se encontra, cruza, entrecruza num espaço geográfico e temporal específico, que fazem parte de uma cena musical e seus agregados.
a arte do cara, de longe, é a melhor coisa do álbum. aliás, é a melhor coisa que vi dele até agora e olha que o sujeito tem uma produção quase industrial perto da maioria dos desenhadores tupiniquins. mesmo seu trampo pras editoras gringas fica no chinelo.
as mulheres desenhadas por ele são bra-si-lei-ras. que raro, véio! tudo é muito bem feito. todos os personagens são bem construídos, característicos. cê não confunde ninguém com ninguém. cenários fodaços, diagramação idem.
o texto é bacana, realista e condizente com o jeito paulista de falar, mas tem umas coisas que não deviam mais passar numa revisão. eu olhei o serviço do álbum e tá lá que tinha revisor e o cara comeu bola.
aliás, comeu bola de novo, porque o mesmo sujeito traduz coisas pra mesma editora e noutro dia me vi trincando os dentes com um erro primário, de gênero, numa expressão pra lá de corriqueira, que não devia ter passado.
enfim.
o gibi é bom, independente dessa ressalva. vai lá e prestigia.