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ars

a Bienal de Artes este ano, apesar de todas as polêmicas (desde que Duchamp sacou aquela de objet trouvé, filho da puta nenhum sabe dizer que porra é arte… ‘depende da intenção do artista’, dig?), tá bem xoxa. as instalações que curti mais têm a ver com literatura.

uma sala pra Calvino e outra pra Perec (Oulipo dignamente representado)… o que me pôs em órbita foi a Rayuela desenhada no tapete do corredor de Cortázar e só fiquei satisfeito quando consegui convencer uma menina a pular por ela até o Julio.

o resto do dia foi dedicado a garimpar umas hqs nacionais que me faltavam. voltei com a edição do NECRONAUTA do HQM, BANDO DE DOIS e SAÍDA 3.

material interessante.

no intro

Vou pular a introdução (reminiscências e digressões de sempre) e ir ao ponto.

 

Mais uma caixa em minha vida. Caixas são importantes, definidoras até pra entender um pouco da psicologia por trás da necessidade de contar histórias tanto em prosa pura quanto visualmente.

 

A caixa de quadrinhos do meu irmão mais velho em cima do guarda-roupa (foda-se o acordo ortográfico, aqui escrevo como quiser); a caixa de livros que a dona Leonora trouxe pra sala umas vezes…

 

Sim, eu minto. Disse que ia ser sem digressão/reminiscência, mas que porra, é a natureza da fera, não tem muito o que fazer.

 

A tal caixa veio duma loja que vende quadrinhos. Não interessa qual, só que chegou depois de duas semanas da encomenda. Merda.

 

A parte boa é que pude finalmente pôr as mãos numa meia dúzia de hqbs que tinham me deixado curioso, além das gringas que tavam em promoção, tipo, com 50% de desconto.

 

O CONTÍNUO #7, NECRONAUTA #5, NANQUIM DESCARTÁVEL#2, TEQUILA SHOTS, GRAFFITI 76% #17 & 18. Tá faltando ler a primeira e as duas últimas da mesma lista, mas cara, quem diz que hqb não é boa é por pura falta de informação.

 

O Beyruth tinha adotado um formato pras quatro primeiras edições das aventuras do seu personagem que casa perfeitamente com minha idéia do que seria o formato ideal pra hqb. 8 páginas de história, mais capa e contracapa. Desenhos formidáveis, um conceito matador. Numa casca de noz (dá pra resistir a esses ditos dos gringos? Podem não fazer sentido em português, maaas): o Necronauta é o salva-vidas dos mortos. Rá! A novidade do #5 é que o sujeito dobrou o número de páginas de história, aumentou de meio ofício pra formato americano, e continua chutando bundas (mais um… tentei, mas… veja acima) no quesito arte, mais ainda porque conseguiu dar um acabamento profissional pro material. Plus: Nikola, o bom e velho Nikola, foi integrado à mitologia do personagem!

 

As outras duas são cool. O público alvo é que pode ser meio que restrito. HQs sobre jovens urbanos que ou fazem ou fizeram ou lêem quadrinhos. A segunda ND do Esteves & Cia (tem uns 4 ou 5 desenhistas no projeto) me agradou mais que a primeira. Um componente de humanidade tá surgindo, temas mais universais com que pessoas de diferentes classes, idades, o diabo, podem se identificar.

 

E, aproveitando que vim aqui hoje, tenho uma pergunta pra quem quer que leia essa joça: vocês gostam de histórias de fantasmas?

 

Tou perguntando porque tem uma frase do Hamlet (cena 5, logo depois que o fantasma do rei vai embora) que teve um efeito terrível sobre mim: me fez pensar. Quando penso junto idéias deslocadas, soltas, e produzo uma síntese, uma idéia nova (ou que penso ser nova, desconheço se mais alguém a teve) que daria uma hq de, hm, 5 páginas. Mas eu tou de dieta de escrever coisas assim, soltas, sem propósito, daí a pergunta. Ou escrevo em prosa? Sei lá.