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Lunar

demorei um ano ou mais desde a aparição deste filme, mas ontem consegui assistir LUNAR, filme de Duncan Jones (também conhecido como o filho de David Bowie), estrelado por Sam Rockwell, um daqueles muitos atores ainda subestimados pela indústria mas talentosíssimo.

foda falar da história sem encher o texto de spoillers.

Sam Bell (Rockwell) é um mineiro que trabalha na Lua extraindo de suas rochas, seu solo, o elemento hélio-3 (que me fez lembrar do gelo-9, do Vonnegut) que surgiu como solução para o problema de energia por ser uma fonte limpa, não poluente. Há duas semanas do término de seu contrato, o isolamento vivido por Bell, não só por estar num ambiente hostil à vida mas também por ter perdido a comunicação ao vivo com a Terra, sua mulher e seus empregadores, parece estar lhe causando alucinações. É assistido por GERTY, robô com a voz de Kevin Spacey, que toca quase toda a operação, exceto pelo serviço humano, cuida do bem estar de Sam.

e este é um ponto crucial da história. a programação de GERTY é cuidar de Bell. sem isso, o filme não se desenvolveria como se desenvolve. quem imagina o robô como um daqueles humanóides e clichês popularizados pelo cinemão, séries de tevê e japoneses, se engana.

ele tem design mais utilitário, como o de um robô de linha de montagem, um daqueles braços, uma cpu, um sintetizador de voz. também não é uma inteligência artificial, pelo menos não como fomos acostumados a ver em fc. é uma máquina autoconsciente. parece ter um número limitado de respostas mas há circunstâncias em que os significados delas variam e têm-se a esperança de que ele seja, afinal, inteligente. talvez não seja inteligente, mas o cuidado com Sam demonstra ao menos que é bondoso.

o status quo estabelecido, a lógica interna da narrativa é abalada quando Bell sofre um acidente em decorrência das alucinações. as revelações se sucedem rapidamente, Rockwell segura muito bem o filme como praticamente o único ser humano na tela e a resolução dos enigmas aparentes se dá sem abusar da paciência do espectador… o filme tem a duração necessária, não enche linguiça.